Nesta terça-feira (15), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público deu continuidade às oitivas, desta vez com os ex-gestores da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans). Foram ouvidos os ex-superintendentes Carlos Daniel e Weldon Bandeira, que afirmaram que a queda da demanda de passageiros e a falta de subsídio por parte do poder público gerou a quebra do sistema.
Segundo o primeiro depoente Carlos Daniel – que foi superintendente da STRANS de 2014 a 2019 e que colocou em funcionamento o novo sistema de transporte público, em 2015 – a previsão era de que 400 ônibus circulariam em Teresina, com a quantidade de 5 a 6 milhões de passageiros por mês para que pudesse tornar o sistema sustentável. “Em 2016 o país passou uma crise financeira, houve o aumento de desemprego e, por consequência, a queda no número de passageiros, pois o desempregado não utiliza o ônibus todos os dias, então houve um desiquilíbrio. O número de passageiros passou a ser de um milhão. Com isso há o compromisso da prefeitura ressarcir esses valores, o que não foi feito”, disse.
O ex-gestor ainda afirmou que sem o subsídio as empresas não suportam. “A quantidade de estudantes e passageiros usuários tem que voltar às proporções iniciais do estudo. A gratuidade também afeta o sistema. A qualidade é fraca. Não havendo o subsídio do poder público, que é para bancar as tarifas sociais, as empresas não suportam. É preciso também um maior controle e organização por parte do poder público”, complementou Carlos Daniel.
Weldon Bandeira, que esteve à frente da Strans entre 2019 e 2020, defendeu que o sistema precisa ser redimensionado, levando em conta a demanda atual. “Sem o subsídio o sistema não se mantém. Precisaríamos passar por um aumento de tarifa, o que não é adequado neste momento de crise sanitária e econômica, quem sofreria a consequência direta com a falta de repasses por parte do poder público seria o usuário do sistema. Precisamos retornar ao patamar de passageiros, reduzir custos e repensar a forma de circulação dos ônibus para salvar o sistema”, pontuou.
Segundo o presidente da CPI, vereador Dudu Borges, a apuração continua e tudo indica que alguém será responsabilizado. “Estamos numa crise econômica, precisando do transporte público para alavancar a economia, mas o que temos é um sistema que humilha a sociedade e os trabalhadores. Não podemos permitir que isso continue. Tudo indica que teremos que responsabilizar alguém na execução dessa licitação, mas continuaremos a apuração. Estamos há pouco mais de um mês apurando e dando celeridade para propor algo definitivo”, concluiu.
Com informações da ASCOM